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Obsessão

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Tenho 16 anos e sofro com meus rituais, que não param de aparecer e de se multiplicar. O relacionamento com minha mãe é difícil. Acho que ela me odeia. Quando eu era mais nova, pensava que tinha duas mães. Uma que era amorosa comigo, sempre que estávamos com outra pessoa, e outra que era muito ruim e me humilhava quando ficávamos sozinhas. Os rituais começaram com a ideia de que, se eu rezasse 100 ave-marias, minha mãe se tornaria boa. Agora, não estou presa só à reza. Preciso dar voltas na casa antes de sair. Não posso subir no ônibus da escola se não tiver alguém já sentado no primeiro banco. Tento esconder isso na família e na escola, mas todos já devem saber. Não tenho mais nem amigos de tanto medo de me acharem louca. Fui algumas vezes ao psiquiatra, mas, para meu desespero, ele me atendia na companhia da minha mãe, que voltava para casa me humilhando, dizendo que eu sou um fardo na vida dela. Não sei mais o que fazer. Porque só de pensar em não fazer os rituais eu me sinto angustiada. Quando vou dormir, à noite, fico cansada de tanto pensar em não esquecer nenhum deles. Depois, durmo de exaustão. O que devo fazer? Por favor, me ajude.

Os rituais fazem parte de uma neurose obsessiva que precisa ser tratada com medicamento e com análise. Quero dizer que, por um lado, você precisa consultar um psiquiatra e ser medicada por ele e, por outro, precisa fazer um trabalho sério com um psicanalista.

Com o medicamento certo, você não ficará mais tão exposta a ideias obsessivas e, com a análise, poderá entender o significado dos rituais e ter mais controle sobre si mesma.

Você tem clareza sobre a própria situação, e, assim como foi capaz de me escrever, deve ser capaz de encontrar quem a ajude para fazer o tratamento certo. Segundo um provérbio tao, até uma pedra seria sensível ao nosso pedido se o fizéssemos com devoção suficiente — pois a pedra se tornaria um ser vivo.

Não tenha vergonha de sofrer. Só não sofre quem não é humano. Procure se valer do sofrimento para entrar na via da cura e encontrar uma solução para a sua vida, que, aos 16 anos, está inteira pela frente. Sirva-se, se preciso for, da minha resposta, para conseguir ajuda.


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